Essa discussão criada em torno de um encontro de motociclistas que teria sido cancelado, na praia de Pipa, por falta de segurança e “toque de recolher” por facções criminosas é apenas mais um capítulo de uma novela bem antiga.
Esse pedaço de terra e mar repleto de belezas naturais, no litoral Sul potiguar, vem sendo invadido, há décadas, pelos traficantes de drogas. E muito dessa situação de hoje se deve à hipocrisia de famosinhos e famosinhas de plantão, desses que se derretiam nas antigas colunas sociais dos jornais impressos e hoje se exibem nas redes sociais. Para essa turma, lá nos anos 90, 2000, fumar um “baseado”, “dar um tapa” e ficar pra lá e pra cá pelas estreitas ruas da comunidade “curtindo” suas drogas não era nada demais. Autoridades policiais desinformadas e/ou incompetentes também foram ignorando a situação, não houve um combate efetivo. O turismo foi colocado em primeiro lugar! Atrair visitantes, ganhar dinheiro, muito dinheiro; eram esses os objetivos da turma “lá de cima”, em detrimento dos nativos, que se viam engolidos – se bem que entre eles lá estavam muitos maconheiros, cheiradores de pó e outras desgraças – pelo crime.
A fatura chegou tem uns anos. E os juros estão vindo com ações criminosas, como a ocorrida há poucos dias, com um triplo homicídio em via pública, na luz do dia, o que teria sido a gota d´água para revoltar membros de facções, que teriam ficado revoltados com a maior presença policial, depois desse episódio.
E no meio desse teatro de horrores, Pipa permanece recebendo visitantes e sendo um dos alvos prediletos, como no passado, de criminosos e contraventores, como os que oferecem livremente os “baseados”, os cigarros eletrônicos e promovem encontros regados a sexo e drogas, muitas drogas, em imóveis pelos arredores.
Lamentável que o povo decente e trabalhador que mora, trabalha e visita a bonita praia seja vítima desse sistema carcomido pela incompetência governamental e por quadrilhas que se instalaram por lá e permanecem lucrando, como se nada de errado estivesse acontecendo. Pipa continua com os acessos pelas estradas e pelo o mar abertos para todos, inclusive os canalhas que cometem crimes e os que não fazem nada para que isso não aconteça.
Daqui uns tempos, só irá a Pipa quem “tiver negócio”. E negócio, por lá, não falta.
João Ricardo Correia
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