Lá nas antigas, quando um menino buchudo via um militar, se tremia de medo, tamanha era a autoridade sentida pelo povão na presença de um homem fardado, fosse da PM, do Exército, da Marinha, da Aeronáutica. De uns tempos pra cá, esse respeito tem sido sugado pelo ralo da ousadia da bandidagem, de um sistema judiciário capenga e de muitos “milicos” que passaram para o lado de lá, até agindo como capachos e coleguinhas de políticos cafajestes.
É deprimente ver militares curvados à politicagem, participando de fofoquinhas via grupos de WhatsApp e, pior, acusados de envolvimento em temas gravíssimos, como essas denúncias de tentativa de golpe de estado que teria sido planejada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns dos seus “chegados”, inclusive generais e outros oficiais superiores das Forças Armadas.
Meu pai, falecido ano passado aos 86 anos, foi militar por 27 anos. Era cabo de Marinha do Brasil. Contava muitas histórias, da época que tudo corria, pelo menos aparentemente, dentro das normas, da ética, da vergonha na cara.
Não acho que combina militar envolvido na politicagem. Respeito, claro, quem pensa ao contrário. Ver praças e oficiais em cima de palanques, aplaudindo criaturas muitas vezes condenadas pela justiça, envolvidas em roubalheira, é o mesmo que promover um churrasco para “raposas” no galinheiro. É como ter uma quenga daquelas mais fuleiras virando freira e indo ir trabalhar com o papa, no Vaticano.
Posso estar certo, talvez esteja “completamente equivocado”, como diria o saudoso cantor Agnaldo Timóteo, mas penso que temos raposas demais na política brasileira; algumas são velhas conhecidas, outras são mais novinhas e tem a terceira categoria: as raposas que usam – ou usaram – fardas. De lascar…
Em quem acreditar? Nas velhas “raposas”? Nos militares que sonham com os privilégios oferecidos pelos conchavos da politicagem? Nos ministros do STF?
João Ricardo Correia
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